
O filme narra o mistério em torno de “Salvator Mundi”, a primeira pintura de Leonardo da Vinci a ser descoberta há mais de um século, que agora aparentemente desapareceu.
Opinião Pública sobre O Leonardo Perdido
O mundo da arte provou ser um terreno fértil para o cinema de não-ficção. No entanto, como mostram documentários como The Painter and the Thief , de Benjamin Ree, The Price Of Everything, de Nathaniel Kahn, e Cutie and the Boxer, de Zachary Heinzerling, esses filmes costumam ser muito mais do que a colocação de tinta em uma tela.
Juntando-se a eles, The Lost Leonardo também é muito, muito mais do que apenas uma pintura. O emocionante e instigante documentário do diretor Andreas Koefoed explora a incrível história por trás da pintura mais cara já vendida. Em 2017, o Salvator Mundi (latim para ‘Salvador do Mundo’) foi comprado durante um leilão dramático na Christie’s em Nova York por mais de $ 450 milhões. A razão pela qual esta pintura alcançou uma soma tão astronômica? Acreditava-se que a peça havia sido pintada pelo próprio Leonardo da Vinci.
Alguns anos antes, o Salvator Mundi havia sido redescoberto em uma casa de leilões de Nova Orleans e comprado por US$ 1.175. Muito danificado, foi restaurado por Dianne Modestini – uma renomada especialista em seu campo. Enquanto trabalhava, Modestini começou a acreditar que “ninguém poderia ter pintado isso, exceto Leonardo”.
No entanto, nesta fase, já fomos preparados para nos sentirmos cautelosos. No início do filme de Koefoed, ouvimos que “todo mundo queria que fosse um Leonardo e então todos tiveram a visão mais otimista possível dele como um Leonardo e talvez seja um Leonardo”. Enquanto isso, Evan Beard, executivo global de serviços de arte do Bank of America, descreve o que aconteceu a seguir como “a história mais improvável que, eu acho, já aconteceu no mercado de arte”.
Em uma busca insaciável por fama e poder, a verdadeira história sobre as origens do Salvator Mundi – referido por alguns como a ‘Mona Lisa masculina’ – tornou-se secundária, irrelevante. No espaço dos Velhos Mestres, Koefoed nos informa, as opiniões importam mais do que os fatos e o dinheiro manda em tudo. “Isso é simplesmente uma questão de economia – quando você se resume a isso – e ganância”, diz o crítico de arte e colecionador Kenny Schachter no filme. “Debilidades humanas básicas. Dinheiro.”
Filmado ao longo de três anos, The Lost Leonardo nos leva a uma viagem de tirar o fôlego nos bastidores do mundo da arte. Vemos caçadores de arte, restauradores, negociantes e casas de leilões trabalhando e começamos a entender suas motivações. É ao mesmo tempo fascinante e inquietante.
À medida que viajamos pelo mundo, sentimos a perda do valor emocional da arte. Em seu lugar, há uma série de decisões frias e motivadas financeiramente. A arte nesse nível é, aprendemos, um jogo comercial. Não se trata de beleza ou amor, trata-se de transferir fundos. Não é história da arte, é política mundial.
Por exemplo, o documentário de Koefoed examina o momento, em 2008, quando muitos dos mais ilustres especialistas em Leonardo Da Vinci se reuniram em torno de um cavalete na National Gallery em Londres para examinar o Salvator Mundi. A National Gallery, no entanto, não buscou mais opiniões formais de especialistas, antes de apresentar a peça como um quadro autógrafo1 de Leonardo da Vinci em sua exposição de 2011.
O sucesso fenomenal da exposição diz tudo o que você precisa saber sobre por que a National Gallery fez o que fez. Vez após vez, em O Leonardo Perdido, ouvimos que é mais importante o que o mundo da arte quer que o Salvator Mundi seja do que o que ele realmente é – o mito é muito mais poderoso do que a realidade.
“Este é um filme sobre a incrível jornada de uma pintura”, diz Koefoed. “É uma história verdadeira, mas um conto de fadas digno de HC Andersen: uma pintura danificada, negligenciada por séculos, é fortuitamente redescoberta e logo depois elogiada como uma obra-prima há muito perdida de beleza divina. Em seu auge sob os holofotes, é considerado falso, mas o que é revelado acima de tudo é que o mundo ao seu redor é falso, movido por poderes cínicos e dinheiro.”
De sua parte, Kenny Schachter não aceita nada desse conto de fadas. “Não é nem uma boa pintura!” ele exclama no filme. No entanto, como Dianne Modestini conclui, “ninguém se importa com a verdade”.
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